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Vias de mobilidade microbiana na doença renal crónica e o seu papel na infeção e na inflamação sistémica.
PTDC/MEC-MCI/29777/2017 (POCI-01-0145-FEDER-029777) - Nº: 029777

Montante envolvidos:

Investimento total: 239.456,05€

INEB -  Instituto Nacional de Engenharia Biomédica       231.956,05€

Apoio FEDER:    197.162,64€               

Apoio OE:         34.793,41€                 

Universidade do Porto                          7.500,00€

Apoio FEDER:    6.375,00€                   

Apoio OE:         1.125,00€                   

           

 

Localização do projecto: Norte, Portugal

Sintese do projecto:

Atualmente, a doença renal crónica (DRC) é um problema emergente de saúde pública global, afetando 11-13% da população mundial (18% na Europa). Com a perda progressiva da função renal existe uma acumulação de produtos orgânicos (toxinas urémicas). Atualmente, a DRC apresenta elevadas taxas de morbilidade, mortalidade e despesas de saúde. Os doentes com DRC apresentam maior risco de infeção e risco cardiovascular (até 500x maior que a população geral), representando importantes causas de morbilidade e mortalidade nessa população.

As intervenções terapêuticas dirigidas a fatores de risco cardiovascular tradicionais não são eficazes na redução da incidência de eventos cardiovascular ou na prevenção da progressão da doença, revelando a importância de potenciais ?gatilhos? nos fatores de risco menos estudados da doença cardiovascular na DRC, tal como a inflamação crónica. Além disso, a descoberta de novos mecanismos de infeção é urgente para a população de DRC, dada a necessidade de reduzir as taxas de infeção, a comorbilidade e os custos hospitalares e pessoais associados.

Alterações do microbioma normal do intestino (disbiose) são atualmente reconhecidos na patogénese da DRC. Este estado disbiótico está associado a um comprometimento da estrutura e função da barreira epitelial intestinal, principalmente mediado pelo efeito nocivo de toxinas urémicas de origem microbiana, como o amoníaco (produto da urease microbiana), permitindo a translocação de microrganismos e/ou produtos microbianos para a circulação. Esta "atopobiose" (microrganismos que aparecem em locais diferentes da sua localização normal) é reconhecida como importante via de infeção endógena, mas mais recentemente, foi associada a uma variedade de doenças inflamatórias.

Nesse cenário, o MicroMOB explora as vias de mobilidade do microbioma humano na DRC através de diferentes habitats corporais e seu papel na infeção e na inflamação sistémica. Esta ideia inovadora de que as vias percorridas pelo microbioma humano desempenham um papel na fisiologia humana será importante para expandir o conhecimento sobre os mecanismos fisiopatológicos da DRC. Permitirá, também, revelar biomarcadores desta doença e permitirá uma estratégia de medicina personalizada nesta população, que por sua vez terá impacto nas dimensões económica e societal. Para a prossecução destes objetivos, serão avaliadas e correlacionadas as semelhanças entre as comunidades microbianas de diferentes habitats corporais (intestino, cavidade oral, sangue e peritoneu) com a história clínica de infeção e biomarcadores inflamatórios de doentes com DRC (em diálise peritoneal), durante a recuperação do estado urémico após transplante renal, e em indivíduos saudáveis. Além disso, a translocação do microbioma intestinal será avaliada in vitro numa perspetiva translacional, fornecendo informação mecanística de quem (e possivelmente como) é capaz de transpor o epitélio intestinal em ambiente urémico.