Montante envolvidos:
Investimento total: 239.456,05€
INEB - Instituto Nacional de Engenharia Biomédica 231.956,05€
Apoio FEDER: 197.162,64€
Apoio OE: 34.793,41€
Universidade do Porto 7.500,00€
Apoio FEDER: 6.375,00€
Apoio OE: 1.125,00€
Localização do projecto: Norte, Portugal
Sintese do projecto:
Atualmente, a doença renal crónica (DRC) é um problema emergente de saúde pública global, afetando 11-13% da população mundial (18% na Europa). Com a perda progressiva da função renal existe uma acumulação de produtos orgânicos (toxinas urémicas). Atualmente, a DRC apresenta elevadas taxas de morbilidade, mortalidade e despesas de saúde. Os doentes com DRC apresentam maior risco de infeção e risco cardiovascular (até 500x maior que a população geral), representando importantes causas de morbilidade e mortalidade nessa população.
As intervenções terapêuticas dirigidas a fatores de risco cardiovascular tradicionais não são eficazes na redução da incidência de eventos cardiovascular ou na prevenção da progressão da doença, revelando a importância de potenciais ?gatilhos? nos fatores de risco menos estudados da doença cardiovascular na DRC, tal como a inflamação crónica. Além disso, a descoberta de novos mecanismos de infeção é urgente para a população de DRC, dada a necessidade de reduzir as taxas de infeção, a comorbilidade e os custos hospitalares e pessoais associados.
Alterações do microbioma normal do intestino (disbiose) são atualmente reconhecidos na patogénese da DRC. Este estado disbiótico está associado a um comprometimento da estrutura e função da barreira epitelial intestinal, principalmente mediado pelo efeito nocivo de toxinas urémicas de origem microbiana, como o amoníaco (produto da urease microbiana), permitindo a translocação de microrganismos e/ou produtos microbianos para a circulação. Esta "atopobiose" (microrganismos que aparecem em locais diferentes da sua localização normal) é reconhecida como importante via de infeção endógena, mas mais recentemente, foi associada a uma variedade de doenças inflamatórias.
Nesse cenário, o MicroMOB explora as vias de mobilidade do microbioma humano na DRC através de diferentes habitats corporais e seu papel na infeção e na inflamação sistémica. Esta ideia inovadora de que as vias percorridas pelo microbioma humano desempenham um papel na fisiologia humana será importante para expandir o conhecimento sobre os mecanismos fisiopatológicos da DRC. Permitirá, também, revelar biomarcadores desta doença e permitirá uma estratégia de medicina personalizada nesta população, que por sua vez terá impacto nas dimensões económica e societal. Para a prossecução destes objetivos, serão avaliadas e correlacionadas as semelhanças entre as comunidades microbianas de diferentes habitats corporais (intestino, cavidade oral, sangue e peritoneu) com a história clínica de infeção e biomarcadores inflamatórios de doentes com DRC (em diálise peritoneal), durante a recuperação do estado urémico após transplante renal, e em indivíduos saudáveis. Além disso, a translocação do microbioma intestinal será avaliada in vitro numa perspetiva translacional, fornecendo informação mecanística de quem (e possivelmente como) é capaz de transpor o epitélio intestinal em ambiente urémico.
